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Novo Single

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terça-feira, 12 de agosto de 2008

"Pitty sem medo de ser verdadeira"

Maior revelação do rock nacional na década, a cantora baiana mantém-se em alta e estréia como atriz.
Priscilla Novais Leone, 30, é a mulher. Da cena underground de Salvador, onde atuou como vocalista da banda Inkoma (1995-2001), à consagração no mainstream ao estrear em 2003 com o álbum Admirável chip novo (Deckdisc), a cantora e compositora Pitty se transformou na maior revelação do rock brasileiro na década. Foi (e continua sendo) a garota certa na hora certa, a mais perfeita tradução do espírito feminino da nova adolescente urbana do país.
Em cinco/seis anos de carreira nacional, Pitty não deixou o sucesso esfriar (um feito e tanto no frágil mercado rocker brasileiro). Na companhia dos guys Martin Mendonça (guitarra e backing), Joe (baixo) e Duda (bateria), expandiu o que conquistou lançando mais dois álbuns, Anacrônico/2005 e (Des)Concerto ao vivo/2007 (também em DVD), não parando de fazer shows por todos os estados, participando de projetos especiais, etc.
Em julho, por exemplo, ela recebeu o prêmio celular de platina pelas vendas do Nokia 5200 da Vivo com o conteúdo de (Des)Concerto ao vivo na memória: 200 mil unidades vendidas do aparelho. E também debutou no cinema ao participar de É proibido fumar, segundo longa-metragem da paulista Ana Muylaert (Durval discos). Antes, a roqueira já havia experimentado a sensação de ser atriz no igualmente inédito curta Charles Manson, de André Moraes.
Na vida pessoal, Pitty passou recentemente por um problema sobre o qual não comenta com a imprensa. Em maio, ela perdeu um bebê aos três meses de gestação, fruto do namoro com Daniel Weskler, baterista do NX Zero (eles moram em casas separadas, mas cultivam vínculos de casados). Dura na queda, tirou apenas dez dias para se recuperar e voltou à estrada. A seguir, leia entrevista exclusiva com a esperta guardiã das gatas Grace Jones e Frida Kahlo.
:::ENTREVISTA :::


FOLHA - Em que estágio encontra-se a turnê (Des)Concerto? Vai até quando? Você já pensa em um novo álbum de estúdio?

PITTY - Está se aproximando do fim, creio eu, já que a gente decidiu esticá-la até novembro. Tinha planos de parar em julho, mas foram pintando tantos convites pra shows em lugares que nunca fomos, e sempre lotados, que optamos por isso. Já tô pensando em disco novo sim, mas eu preciso do ócio para criar, e espero formatar esse álbum assim que encerrar a turnê.

F - Aliás, em tempos de música on line, a nova geração consome mais uma ou outra canção do artista do que o álbum inteiro dele. Você acha que o conceito de álbum resistirá para o artista, pelo menos?

P - Resiste para aqueles que ainda se empolgam com a obra fechada. Eu, particularmente quando gosto de um artista não me contento com uma música ou duas. Isso vai da competência da banda também, de ter mais de um par de músicas boas no álbum. Como artista, faz todo sentido montar um disco inteiro, às vezes com um conceito permeando as músicas, às vezes elas significando o reflexo de uma época.

F - Existe, creio, uma sintonia entre o que você canta, suas letras, e o seu público (composto em grande parte por garotas). Você ainda tem esse tipo de identificação com algum artista ou banda que você gosta?

P - Às vezes demora, mas volta e meia aparece alguma coisa que me empolga. Tenho sim, essa identificação e ela me alimenta. É importante ter isso pra mim como fonte de inspiração, como novidade.

F - Aliás, você foi um dos primeiros artistas a fazer cover de Umbrella, de Rihanna. Já fez algo com outro sucesso recente? Uma canção do White Stripes ou de Amy Winehouse, por exemplo.

P - A gente tocou Amy um tempo, mas foi reflexo do Covernation que a gente gravou pra MTV. Tiramos as músicas para o programa e aproveitávamos os shows pra ensaiá-las. Sempre rola algo assim, porém o mais divertido é pegar algum hit esquecido de outra época e fazer versão. Tem coisas nos anos 80, por exemplo, ótimas para isso. Já fiz umas brincadeiras assim com músicas de Phil Collins, Suzanne Veja e Joan Osbourne.

F - Você entrevistou o Muse para a MTV há duas semanas e viu o show da banda inglesa. O que você curte no som dos caras?

P - Absolutamente tudo. É, sem dúvida, a banda que eu mais amo na atualidade, e acho todo o conceito, a sonoridade, a estética irretocáveis. Conseguem ser épicos e pesados e ao mesmo tempo ter uns lances mais melódicos. Simplesmente foda.

F - O que acontece com o mainstream do rock brasileiro que demora tanto a emplacar novas bandas? O rock brasileiro não consegue mais ter a popularidade que alcançou nos anos 1980. Qual a sua opinião?

P - Não sei bem o que acontece. Nesses novos tempos, com essa coisa da internet, acho que a galera cansou de dar murro em ponta de faca, de ficar esperando por gravadora, de corroborar com jabá e passou a fazer suas próprias coisas talvez. Isso é ótimo, mas também afunila o público, segmenta. A massa mesmo ainda não tem pleno acesso a essas novas tecnologias, à internet rápida e TV a cabo. Quando alguém consegue furar esse bloqueio é muito bom. Ou talvez seja só uma fase.

F - Você saiu do underground baiana para o âmbito nacional. De fora geralmente temos uma visão mais realista das coisas da nossa terra ou cidade. Qual a sua visão da cena baiana hoje?

P - A minha perspectiva disso hoje vem das conversas que eu tenho com a galera das bandas. O que eu soube é que algumas coisas melhoraram; os editais estão mais democráticos, bandas de rock conseguindo captar recursos para seus projetos, etc. Mas em contrapartida ainda há falta de lugar para se tocar para um público médio (leia-se 800, mil pessoas) e um maior espaço nos meios de comunicação. Parece melhor, mas estamos longe da situação ideal. A galera, porém, continua gravando seus belos discos e botando a coisa pra frente, a despeito disso tudo.

F - É quase um clichê do rock baiano falar mal da axé music. É claro que era praticamente impossível não bradar contra o monopólio do axé na década de 1990, mas você não acha que já passou da hora de as bandas baianas de rock mudarem esse tipo de discurso e se preocupar com sua própria música?

P - Acho, e é por isso que não gasto meu tempo falando mal do axé nem de ninguém, na real. O que acontece é que as vezes me perguntam, em tom de incredulidade ou indignação “como assim você é baiana e não gosta de axé?”; como se isso fosse um crime hediondo. Não gosto mesmo e é só isso que eu falo, e acho que cada um tem direito de gostar do que quiser. O fato de eu declarar uma opinião estritamente pessoal não deve ser tomado como ofensa nem maledicência. E muito menos como catequese, não tô aqui pra convencer ninguém a sentir o que eu sinto. O problema é não dizer o que acha de verdade só para ser politicamente correto, isso não dá pra mim. Quando se é verdadeiro, invariavelmente você acaba machucando alguém.

F - Você vai se apresentar no Festival de Inverno de Vitória da Conquista, proximo dia 24. Você já fez muitos shows no interior da Bahia?

P - Fiz mais com o Inkoma do que como Pitty. Naquela época era esquema “enfia todo mundo numa van com equipamento e se joga”. Sem lugar pra dormir, sem rango, sem grana, do jeito que desse. Vai ser legal poder tocar lá em Conquista agora.

F - Depois de atuar num curta, você participou do longa-metragem de Anna Muylaert, É proibido fumar. Como foi a experiência de atriz?

P – Tranqüila, porque na verdade eu não tive que atuar de fato. É uma cena bem simples, que não exigia que eu tivesse tais dotes (ainda bem!). Foi delicioso brincar de ser outra coisa, delicioso contracenar com Lourenço Mutarelli.

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