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Novo Single

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sábado, 1 de agosto de 2009

Pitty transforma 'foda' em palavra de refrão pop


Dia 11, Pitty lança seu terceiro álbum de estúdio, Chiaroscuro (Deckdisc). Nele, a cantora mantém a sua essência roqueira, mas experimenta novas variáveis. Uma boa entrada para o prato principal é o single Me adora, com gosto rocker dos anos 60, um videoclipe competente de Ricardo Spencer (já com mais de cem mil acessos no YouTube) e um refrão maneiro que diz: “Não espere eu ir embora pra perceber/ Que você me adora/ Que me acha foda”.

Os pudicos podem estranhar a expressão foda numa canção de sucesso, mas Pitty apenas traduz a realidade de um termo que foi desconstruído do seu sentido original pelo linguajar dos jovens. Esse tipo de desconstrução também ocorreu um dia com porra e caralho, por exemplo (o carioca, aliás, criativamente, transformou caralho em caraca).

Como diria o grande Millôr Fernandes, 85, é o povo fazendo sua língua. Na crônica Foda-se, o escritor diz que “os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos fortes e genuínos sentimentos”.

O rock made in Bahia, é verdade, gosta do verbo foder. Na década de 80, o Camisa de Vênus de Marcelo Nova popularizou um grito de guerra que resiste ao tempo: “Bota pra fuder” (e que o Asa de Águia de Durval Lellys adaptou para “bota pra ferver”, mais adequado ao sabor carnavalesco da axé music). Naquela distante galáxia pré-Aids, até o nome da banda do pai da VJ Penélope chocava, acredite.

Com Pitty, entretanto, o uso do palavrão ganha uma dimensão maior em termos de abrangência pop. A cantora é o artista de rock’n’roll que melhor traduz o espírito juvenil brasileiro nesta década. Ao estourar nacionalmente, em 2004, ela foi a pessoa certa na hora certa, uma cantora de personalidade que transpôs os limites do underground para o mainstream, mas que não perdeu a lógica punk do faça-você-mesmo, o que confere sinceridade à sua música e à sua relação com o público.

Minha ficha em relação ao que seria a barbie dark Pitty no show biz nacional caiu logo na sua primeira apresentação no tradicional Canecão, no Rio, em 2004, quando uma molecada alucinada lotou a casa, cantou todas as músicas e transformou o camarim numa festa. Pouco antes, Nando Reis havia me dito: “Ela é poderosa, carismática. Fico feliz pelo sucesso dela e pelo ser fato de ser uma mulher vencendo num ambiente predominantemente masculino. É bom quebrar as estatísticas. De dez em dez anos é que isso acontece no Brasil”.

A essa altura do campeonato, Pitty já se consolidou como o maior nome de sua geração no rock, mesmo que, na Bahia, muitos ainda não tenham a dimensão exata do que ela representa.

* * *

Texto publicado originalmente na edição impressa do CORREIO, dia 28 de julho de 2009.
fonte:http://correio24horas.globo.com/blogs/pophead/

Um comentário:

Pitty Maníacos ! disse...

Oi :D
Concordo com quase tudo dessa matéria! A Pitty mudou a maneira de pensar de muitas pessoas, ela araza!
adooorei o blog de vocês, mt organizado e bem informativo *-*
bjbj :*